Quadrilha de Carlos Drummond de Andrade – Cartaz Camaleónico

quadrilha

QUADRILHA

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade , “Nova reunião”. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1985.

 

“Quadrilha” poema de Carlos Drummond de Andrade from GRI UFP on Vimeo.

Poema: Quadrilha,  Carlos Drummond de Andrade (completo).

Tecnologia: tinta comum de jacto de tinta, pigmento termocromático e fotocromático (materiais reactivos).

Técnicas: impressão digital e pintura manual.

Tipografia: Helvética, Herculanum, Times, Iowan Old Style, Marion e Hobo Std Medium-

Autor: Francisco Mesquita

 

Explicação técnica

Este trabalho tem dois tipos de pigmentos reactivos: termocromático e fotocromático, que reagem respectivamente à temperatura e aos raios ultravioletas.

No caso dos pigmentos termocromáticos a uma temperatura igual ou inferior a 24ºC o pigmento mantém a cor de base. Porém, à medida que a temperatura aumenta, entre os 24ºC e os 33ºC, existe uma descoloração progressiva. Quando se atinge os 33ºC a cor desaparece totalmente.

Nos pigmentos fotocromáticos, o comportamento da cor em análise está directamente relacionado com a presença ou ausência dos raios UV. Estes pigmentos reagem à incidência dos raios UV, evidenciando determinada cor, neste caso ciano. Em caso da não existência de raios UV a cor não se manifesta.

Em ambos os caso o processo é reversível. Ou seja, à medida que se deixam de verificar as condições referidas, o pigmento vai retomando a sua cor de “estado” normal.

Considerações sobre o cartaz camaleónico

O cartaz camaleónico quando exposto em ambiente interior implica a existência de uma fonte de calor – a exemplo de um secador de cabelo – e, no presente caso, a entrada de raios ultravioletas através de uma janela, para que o receptor possa interagir com a obra.

As mudanças do cartaz camaleónico são lentas, quando comparadas com a velocidade da imagem fílmica, permitindo uma análise de cada momento, “fotograma”, que não acontece na narrativa anterior. A interação física com o cartaz, para a qual o receptor é convidado, reforça o carácter fundamentalmente contemplativo que pensamos estar associado à abordagem fílmica.

Decorrente da ação não contemplativa a que apela o cartaz camaleónico, abrem-se vários espaços dentro do próprio cartaz que cada espectador pode descobrir e que, inclusive, podem remeter para espaços individuais, no sentido da Obra Aberta de Eco.