Manifesto de Álvaro de Campos – Cartaz Camaleónico

{"macroEnabled":false,"qualityMode":3,"deviceTilt":0.02272491057845549,"customExposureMode":0,"extendedExposure":false,"whiteBalanceProgram":0,"focusMode":0}

MANIFESTO DE ÁLVARO DE CAMPOS

Ora porra!

Nem o rei chegou, nem o Afonso Costa morreu quando caiu do

carro abaixo!

E ficou tudo na mesma, tendo a mais só os alemães a menos…

E para isto se fundou Portugal!

27-6-1916

Álvaro de Campos – Livro de Versos. Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993.- 20. via http://arquivopessoa.net

Cartaz Camaleónico Álvaro de Campos

Poema: Manifesto Álvaro de Campos (completo).

Tecnologia: tinta comum de jacto de tinta, pigmento termocromático e fotocromático (materiais reactivos).

Técnicas: impressão digital e pintura manual.

Tipografia: Helvética, Herculanum, Times, Iowan Old Style, Marion e Hobo Std Medium-

Autor: Francisco Mesquita

 

Explicação técnica

Este trabalho tem dois tipos de pigmentos reactivos: termocromático e fotocromático, que reagem respectivamente à temperatura e aos raios ultravioletas.

No caso dos pigmentos termocromáticos a uma temperatura igual ou inferior a 24ºC o pigmento mantém a cor de base. Porém, à medida que a temperatura aumenta, entre os 24ºC e os 33ºC, existe uma descoloração progressiva. Quando se atinge os 33ºC a cor desaparece totalmente.

Nos pigmentos fotocromáticos, o comportamento da cor em análise está directamente relacionado com a presença ou ausência dos raios UV. Estes pigmentos reagem à incidência dos raios UV, evidenciando determinada cor, neste caso ciano. Em caso da não existência de raios UV a cor não se manifesta.

Em ambos os caso o processo é reversível. Ou seja, à medida que se deixam de verificar as condições referidas, o pigmento vai retomando a sua cor de “estado” normal.

Considerações sobre o cartaz camaleónico

O cartaz camaleónico quando exposto em ambiente interior implica a existência de uma fonte de calor – a exemplo de um secador de cabelo – e, no presente caso, a entrada de raios ultravioletas através de uma janela, para que o receptor possa interagir com a obra.

As mudanças do cartaz camaleónico são lentas, quando comparadas com a velocidade da imagem fílmica, permitindo uma análise de cada momento, “fotograma”, que não acontece na narrativa anterior. A interação física com o cartaz, para a qual o receptor é convidado, reforça o carácter fundamentalmente contemplativo que pensamos estar associado à abordagem fílmica.

Decorrente da ação não contemplativa a que apela o cartaz camaleónico, abrem-se vários espaços dentro do próprio cartaz que cada espectador pode descobrir e que, inclusive, podem remeter para espaços individuais, no sentido da Obra Aberta de Eco.